quinta-feira, 17 de março de 2011

Lado A e Lado B

Originalmente postado no dia 13 de março de 2011.
Lado A e Lado B

Por
Camila Moreira Fernandes

Quero lançar nesse segundo post sobre o Afeganistão 2 colunas, ou melhor, dois lados: Lado A e Lado B. O “Lado A” abordará temas políticos e jornalísticos e o “Lado B” será uma coluna mais cultural, uma face do Afeganistão que não conhecemos muito. Muitas vezes abordamos uma lente formal demais para não sentirmos a essência de um país. Nenhum país é fundamentalmente feito de guerra, de violência ou de corrupção, mas um Estado é feito de pessoas que sentem e que só querem ser valoradas, de uma arte que só quer ser observada, de sabores que querem ser degustados e de uma música que almeja ser apreciada.

Rio Amu


 Lado A
2.777

Essa semana a ONU divulgou o relatório da guerra no Afeganistão em 2010. 2.777, esse é o número exato de mortos no Afeganistão no último ano. O número de civis mortos aumentou 15% em relação a 2009, sendo que o maior aumento foram o de crianças. 75% das mortes foram causadas pelo Talebã e outros grupos insurgentes, enquanto 25% recai sobre as tropas da OTAN e de outras forças estrangeiras. Com esses números cada vez mais crescentes, correspondentes dizem que o plano da OTAN de retirar as tropas ainda esse ano pode ser alterado. Ainda ontem (12 de março de 2011) o presidente Hamid Karzai pediu com "humildade e sem arrogância" que parassem com as operações no Afeganistão e disse que a tolerância do povo afegão se esgotou. Karzai também fez menção a informações que não estão sendo utilizadas sobre os supostos esconderijos dos insurjentes. Na quinta-feira 10, houve uma explosão provocada por um homem-bomba em Kanduz, no norte do Afeganistão, deixando três mortos e oito feridos, dentre eles estava o chefe de polícia local. Segunda-feira 7, o secretário de defesa americano, Robert Gates, disse que os Estados Unidos podem começar a retirar suas tropas em Julho, mas não todas ao mesmo tempo. Ele também disse que a luta contra o talebã continuara implacável.

Lado B
Fronteiras pequenas

Na minha casa a partir dos seis anos tínhamos que escolher algum instrumento musical pra nos dedicarmos e isso criou em mim uma carência a mais por música (se isso é possível). E durante essa semana andei pesquisando algumas referências da música afegã. A música é comumente utilizada para expressar sentimentos, seja ele de alegria, de dor ou de esperança. E vendo o poder da música, o Talebã extinguiu a música em festas de casamento e em locais públicos. Imagine então um país sem música? Imagine um país sem poemas ou sem uma demonstração de seus sentimentos?
Mas em novembro de 2001 quando o Afeganistão se libertou das forças dos talibãs o primeiro som emitido foi da música “Kabul Jaan” de Farhad Darya. Farhad Darya é um cantor à frente de sua cultura. Além vários CDs lançados ele também tem uma gama de vídeo clips de alta qualidade. Segue abaixo um de seus mais recentes clips: “Attan”, diretamente do Youtube, ops, Afghantube. É isso mesmo, um canal de vídeos afegão.


Deixo também uma dica de documentário. Essa produção retrata o trabalho de um pelotão americano no decorrer de um ano no vale mais perigoso do Afeganistão. Segue o trailer.


E para encerrar o Lado B deixo uma dica para quem vai tomar um chazinho em algum jardim de Londres nesse fim de semana. Se isso foi notícia em um dos telejornais brasileiros, achei “útil” repassá-la. Para aqueles que estiverem lá, dêem um pulinho no British Museum. Eles estão com uma preciosa amostra de artefatos afegãos que leva o título de “Afeganistão encruzilhada do mundo antigo”. A amostra custa R$ 27,00 e vai até o dia 3 de Julho.
Para todos uma ótima semana.

Que a paz estejam com vocês.

Fonte: G1 e Estadão. 

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